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OPINIÃO: Peregrinação, excursão e confusão

Com o mês de maio, vêm as peregrinações, excursões e confusões que geram histórias como a que segue.

Um dia, arrumaram a mala e partiram, afinal, há 2 anos ajustavam o roteiro. Uns para rezar, alguns para comer, muitos para amar e todos para fotografar, já que ninguém esqueceu do celular, tablete e máquina.

A primeira parada foi para rezar, afinal estavam em Fátima! Teve quem perdeu cabelos e ganhou quilos, quem esqueceu os remédios e a bagagem de mão, quem se estufou e teve indigestão, quem planejou visitar museu e não foi, quem levou violão e não tocou, quem integrou a confraria da cerveja, a da vinho, os da bolha no pé, e, ainda, quem comeu ovo cru por engano.

Como em todas as viagens de ônibus, a turma de trás foi juntando cantores e dando um espetáculo a parte, porque, de trecho em trecho da viagem, o livro de canto engolia as letras das canções, aí, a cada pedido, lá se ia mais tempo na procura dos versos do que na sua apresentação. O repertório foi de Louvando Maria a Garota de Ipanema, passando pelo Parabéns, Atirei um Pau no Gato, Teixeirinha e sertanejo universitário. O importante era cantar, pois eles mesmos se aplaudiam.

Em cada parada contaram com um guia local, ora masculino, ora feminino, fazendo tipo bruxa, roqueira, castelhana, desportista ou descolada. Cada guia deu seu recado e promoveu seu lugar salientando o que tinham feito primeiro, maior, melhor e mais importante naquelas bandas.

Navegaram pelos rios Tejo, Tamisa e Reno. Visitaram diversos santuários, basílicas, igrejas, capelas, castelos e portos. Participaram de eventos das universidades. Perambularam anestesiados por entre os canteiros de tulipas, rosas e estufas de orquídeas dos parques holandeses.

Conheceram os sanitários das praças, dos bares, dos postos de combustível, dos navios, aviões, aeroportos e neles deixaram mais moedas do que em todas as máquinas que haviam encontrado na vida até o momento. Cambiaram dinheiro, confundiram troco, foram enrolados e se enrolaram nas línguas e nas moedas, mas todos foram salvos pela alegria e pela cumplicidade dos companheiros de viagem.

A peregrinação, literalmente, foi demais, demais no tempo, na alegria, na comida, no entra e sai do ônibus, e no arruma e desarruma das malas, sem contar que, no final a maioria tinha uma a mais com livros, camisetas, objetos religiosos, e lembrancinhas para os seus, em particular, os netos.

Cada um, a seu modo, deixou sua marca sem negar sua origem, seu sotaque, sua crença. Sem perder a espontaneidade, viveu seguindo a máxima "em Roma como os romanos", e deu a "Cezar o que é de Cezar e a Deus o que é de Deus".

Agora, cariocas para um lado, gaúchos para o outro, e santa-marienses para o Coração do Rio Grande. Independentemente da direção, todos levaram a mala estufada de lembranças, o peito cheio de saudade, e a fé na possibilidade de nova peregrinação.

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